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O segmento de drinks prontos para consumo no Brasil está experimentando um crescimento proporcional à expansão e diversificação dos eventos de rua

Por Tatiane Raquel

Em um bar cheio, onde um drink pode levar até 20 minutos para ficar pronto, esse modelo de bebida pode oferecer mais praticidade para o cliente. Foto: Midjourney

Há alguns anos, os drinks clássicos que o público normalmente só encontrava em bares, festas e eventos diversos começaram a ocupar também as prateleiras dos supermercados. São bebidas enlatadas ou engarrafadas à base de Mojito, Gin, Aperol, Caipirinha, Vodka, Moscow Mule (entre outros).

Menores em tamanho, elas oferecem uma praticidade em sintonia com o comportamento do consumidor moderno: estas são as chamadas bebidas "Ready to Drink" - ou, em português, "prontas para beber".

O mercado de bebidas prontas para consumo já era amplo na Europa e nos Estados Unidos. Em 2020, por exemplo, esse tipo de bebida com sabores de coquetéis representou 12,6% do mercado de bebidas alcoólicas nos EUA, segundo pesquisa da Nielsen divulgada na época.

Globalmente, a tendência também é de expansão. Em 2021, esse tipo de bebida movimentou cerca de US$ 32,9 bilhões e a expectativa é que alcance US$ 85,5 bilhões em 2030, segundo estimativas da pesquisa InsightAce Analytic.

No Brasil, elas também estão conquistando seu espaço: apenas entre 2020 e 2022, uma pesquisa de varejo produzida pela Nielsen Scantrack indicou um aumento de 60% no consumo desse tipo de bebida.

Os fatores que podem ter contribuído para o aumento do consumo incluem a praticidade, o tamanho compacto, a fácil disponibilidade nos mercados e até mesmo o preço. Mas os produtos não se destacam apenas para os consumidores; também são vantajosos para os empreendedores do setor de bares e restaurantes, que veem neles uma oportunidade de vender drinks de maneira rápida e apresentando um ótimo custo-benefício.

O “boom” das versões artesanais das bebidas prontas para consumo

A partir de 2009, o Carnaval de rua em Belo Horizonte (capital de Minas Gerais) ganhou uma nova dinâmica. A cidade, antes deserta devido à ausência dos moradores que optavam pela tranquilidade do interior ou pela folia de outros estados, começou a atrair a atenção dos amantes da tradicional festa.

Ano após ano, os blocos se multiplicaram, turistas passaram a incluir a capital mineira em seu roteiro de viagem e grandes marcas começaram a investir nos blocos. Hoje, BH tem um dos maiores Carnavais do país: só em 2024, a festa atraiu 5,5 milhões de pessoas para as ruas, incluindo 272 mil turistas.

Foi em 2015, ainda nesse contexto de consolidação e projeção do Carnaval belorizontino, que surgiu A Equilibrista, uma empresa voltada para a produção e venda de sangrias e micro licores.

A proposta inicial era proporcionar ao folião a facilidade de comprar o drink pronto e seguir o bloco, sem precisar parar e esperar a bebida ficar pronta. Assim, o grupo seguiu até 2018, quando surgiu a ideia de produzir um drink enlatado à base de Gin, que estivesse presente nos supermercados e fosse de fácil distribuição para o país, visando um público mais amplo e que tivesse um custo menor que a sangria – sem perder a qualidade. E no final daquele ano, nasceu o Gingibre, um drink refrescante feito à base de gengibre, Gin e limão.

"Fizemos o primeiro teste com amigos e o retorno foi incrível. Logo em seguida, vendemos para um bar em Belo Horizonte. Em um dia, vendemos um barril; no segundo dia, mais dois; e na semana seguinte, seis barris. Foi nesse momento que tivemos certeza de que estávamos no caminho certo", conta Guilherme Drager, sócio da empresa A Equilibrista.

A partir daí, a popularidade do Gingibre só cresceu e em 2020 passou a ser vendido em lata, com uma identidade visual própria, conquistando de vez o público. O sucesso do drink abriu portas para outras bebidas dentro do grupo, como a soft bitter Rubra e, mais recentemente, a Venm, drink fruto de uma parceria com a cervejaria Läut, feito à base de Gin, tangerina, capim limão e manjericão.

A expansão do mercado de bebidas prontas para consumo no Brasil pode ser observada pelos números das próprias empresas responsáveis pela produção. Segundo Drager, o faturamento da Equilibrista durante o Carnaval deste ano cresceu 350% em relação a 2023; e o número de funcionários aumentou 400%, de janeiro de 2023 a maio deste ano.

As bebidas no estilo de drinks prontos para consumo existiam há alguns anos, mas a maioria delas não continha os ingredientes reais, apenas o aroma. Isso tem mudado. Foto: Caricatte

Entendendo o aumento no consumo

As bebidas no estilo de drinks prontos para consumo existiam há alguns anos, mas a maioria delas não continha os ingredientes reais, apenas o aroma. Ou seja, a composição não incluía o Gin, por exemplo, mas apenas a essência dele.

"Por causa disso, as pessoas tinham a impressão de que os drinks enlatados eram inferiores, produtos de baixa qualidade que resultariam em uma ressaca forte no dia seguinte. Durante muitos anos, houve um estigma em torno das bebidas prontas por conta dos produtos vendidos no mercado. Isso começou a mudar com a chegada dos drinks prontos artesanais, produzidos com ingredientes naturais de alta qualidade. E durante a pandemia, as pessoas começaram a conhecer essas versões de bebidas e, consequentemente, a consumi-las mais", explica Drager.

Outro ponto que ajuda a entender a preferência dos consumidores por esse tipo de produto é a praticidade. Em um evento de rua, como o Carnaval, por exemplo, se alguém não quiser tomar uma cerveja e preferir um drink gelado, não precisa esperar alguém prepará-lo. E tudo isso por um preço muito atrativo.

"Aqui estamos falando de praticidade na rua, com sabor e qualidade. Isso é o que as pessoas querem. Você vai ao banheiro menos vezes, consome mais rapidamente e pode experimentar vários sabores de bebida. Além disso, esse tipo de drink é menos calórico que uma cerveja e enche menos”, conta o empreendedor.

Para quem está do outro lado do balcão, os drinks prontos podem ser uma aposta para o estabelecimento. Em um bar cheio, onde um drink pode levar até 20 minutos para ficar pronto, esse modelo de bebida pode oferecer mais praticidade para o cliente.

"No bar, o cliente pode receber a bebida em lata, com copo, gelo e uma fruta, e está pronto. Dependendo do local, o cliente pode se satisfazer apenas com a lata. É uma praticidade enorme, pois não requer mão de obra especializada”, conta.

O atual momento das bebidas prontas para consumo no Brasil é muito favorável. Com o fim da pandemia, o retorno das atividades nas ruas e o desejo do público de voltar a aproveitar a vida ao ar livre criam um cenário ideal para a projeção das bebidas prontas, especialmente as artesanais.

"Ainda veremos um crescimento considerável, não apenas para A Equilibrista, mas para todo o mercado de bebidas prontas para consumo", finaliza Drager.

*Adaptado da publicação original na edição 157 da Bares&Restaurantes

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